22 de março de 2021

Dra. Lúcia Tavares deixou a primeira faculdade e empreendeu na área farmacêutica

empreendedorismo (1)

Dra. Lúcia Tavares deixou a primeira faculdade e empreendeu na área farmacêutica

Você sempre quis ser farmacêutico? Para alguns, essa profissão sempre foi a desejada; para outros, a descoberta de que o curso de Farmácia seria o certo foi mais difícil. Foi o que aconteceu com Dra. Lúcia Tavares, de 51 anos, que mora em Arembepe, no município de Camaçari.

Dra. Lúcia, na verdade, sempre quis fazer Contabilidade e ser contadora. Ela seguiu seu desejo e entrou nesse curso na UNEB, em 2011. Mas saiu depois de 3 semestres. O que aconteceu foi que, durante o período da faculdade, ela trabalhava na Prefeitura de Camaçari, no Programa de Medicamentos Excepcionais, e declara que “foi onde me encantei com a área e o cuidado com o paciente”. Então, Dra. Lúcia seguiu para a área de Farmácia.

O empreendedorismo começou com a Drogaria Tavares. Durante a graduação, Dra. Lúcia ficou preocupada sobre as oportunidades do mercado de trabalho e com o preconceito que poderia sofrer por ser uma profissional um pouco mais velha que a maioria. Então, decidiu empreender, e afirma que tudo foi acontecendo naturalmente, sem tanto planejamento.

Confira a entrevista com a Dra. Lúcia Tavares sobre empreendedorismo:

1. Como surgiu a ideia de ter uma drogaria, e o que te motivou a empreender na área farmacêutica?
R: Nunca tive em mente ser proprietária de drogaria. A descoberta e minha identificação com a área farmacêutica surgiram com minha passagem pela Prefeitura de Camaçari, no Programa de Medicamentos Excepcionais. Foi lá, com o contato direto com pacientes e os próprios profissionais farmacêuticos do setor público que aconteceu a mágica, o despertar para a profissão. Eu me perguntava… por que não estudar mais e  prestar um serviço mais qualificado com conhecimento técnico para uma população tão carente? E assim aconteceu, foi então que, no último semestre da graduação surgiu a oportunidade de fazer uma sociedade em drogaria em Salvador. Vendi meu carro e fui adiante. Não gosto de perder oportunidades, porém, a sociedade não deu certo, mas fiquei com aquele gostinho de quero mais. Eu levei a farmácia para dentro de casa e lá ficou guardadinha por um ano. Neste período procurava um local que pudesse ser o ponto ideal para me instalar. Assim aconteceu, me estabeleci em Arembepe como empresaria, onde já residia desde os anos 90.

2. Qual foi a melhor e a pior parte de empreender até hoje?
R: Tudo o que consegui até hoje foi com recurso próprio, com aquele carro que tive que vender para entrar na sociedade que não deu certo e também com a rescisão de contrato de trabalho do meu filho, que disponibilizou 100% do valor recebido para a drogaria, então estes recursos foram para o mobiliário, aluguel do imóvel e toda a parte burocrática. Quando essa parte finalizou, me encontrava com tudo organizado, porém com as prateleiras vazias, pois perdi tudo que adquiri quando a sociedade foi desfeita. No caso dos medicamentos, estavam praticamente todos vencidos. Foi aí que tive que ir comprando todo o estoque da drogaria nas distribuidoras no boleto. Comecei no 1º mês com um faturamento que mal dava para pagar os compromissos que havia assumido, não tirava um centavo pra mim. E detalhe: estava trabalhando sozinha, pois não tinha como pagar um atendente. Quanto a melhor parte, foi começar a ver o desenvolvimento da profissão que escolhi e entender que ela é maravilhosa. O cuidado com o paciente, o feedback positivo deles, o seu retorno na drogaria, isto sim e muito gratificante!

3. O que espera para o futuro do seu negócio?
R: Espero ser referência em tudo o que me dispuser a fazer. Estou me qualificando mais e isso sim é o meu objetivo, estar preparada tecnicamente e segura na tomada de decisões. Quando estava no sétimo semestre da graduação, ganhei uma bolsa integral para uma pós-graduação em Farmácia Clínica com Prescrição. Foi em um evento em homenagem ao Dia do Farmacêutico do CRF. Nossa, como fiquei feliz! Já concluída essa pós, estou mestranda em Saúde Pública,  especialização em Farmacoterapia de hipertensos e diabéticos, curso de vacinas, isto tudo pensando no futuro do meu negócio e também na minha realização profissional. Com o consultório farmacêutico, espero implementar a sala de vacinação em breve, assim como já estou fazendo atendimentos farmacêuticos com pacientes hipertensos e diabéticos.

4. O que você considera que pode ser feito para motivar mais farmacêuticos a empreenderem?
R: Antes de tudo, o farmacêutico precisa ter atitude e coragem. Eu, quando percebi que colegas estavam saindo da graduação e ficando fora do mercado de trabalho, coisa que antes mesmo da colação de grau já tinham emprego garantido, acendeu o alerta vermelho e pensei “o que desejo da minha profissão, conseguirei competir com eles em igualdade de condições?” Claro que não, pois, infelizmente, a idade já me tornava “menos competente” que eles. O que pode ser feito é não ter como objetivo principal somente drogaria (não desmerecendo, lógico), mas é essencial se qualificar, nunca parar de estudar, pois quando saímos da faculdade percebemos que não sabemos nada e este talvez seja o grande terror. O que aprendemos na graduação é somente o básico, e não nos sentimos plenamente seguros ao sairmos de lá. Para empreender também tem que ter o espirito empreendedor mesmo, de verdade, e nunca desistir. Este talvez seja o grande segredo: nunca desistir, mesmo que tudo esteja dando errado. Seguindo seu coração, e se ele for empreendedor, não tem como errar!

5. Qual conselho você daria para um farmacêutico que quisesse começar a empreender na área farmacêutica?
R: Dizer a ele que empreender é maravilhoso. Porém, é necessário muita cautela, organização e planejamento. No meu caso, apesar de não ter sido o meu objetivo principal no início, tive que me enquadrar para que os resultados começassem a aparecer. Ressalto também que, no início, não se deve achar que rapidamente os lucros virão, pois não virão. Acompanhe todo o processo, não delegando a terceiros o que é de sua competência. Também, procure uma área para empreender que se identifique profissionalmente, uma vez que a área farmacêutica é muito vasta. Assim, a probabilidade de sucesso no seu negócio estará praticamente garantida. Não se acomodar nunca e no mais é manter a fé e o foco que a vitória é certa!

Na Drogaria Tavares, Dra. Lúcia e sua equipe oferecem, além do varejo de medicamentos, o serviço de delivery, com programa de descontos em medicamentos e, recentemente, em fevereiro deste ano, inaugurou um consultório farmacêutico na drogaria. Ela afirma que seu diferencial é o cuidado e atenção com o cliente ou paciente, e almeja o reconhecimento profissional na região em que atua.

O Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia está trazendo uma série de entrevistas com farmacêuticos empreendedores porque acreditamos no potencial da nossa categoria. Mas também sabemos que empreender não é fácil, que exige dedicação e coragem. Esperamos que mostrar histórias de superação e sucesso de pessoas que conquistaram o próprio negócio na área farmacêutica possa te inspirar a seguir esses exemplos e tentar atingir tudo que sonhou para sua carreira.

Para críticas, elogios e sugestões de pautas entrem contato com a ASCOM pelo e-mail ascom@crf-ba.org.br.

Compartilhar: